O novo modelo de cidades, empresas e ensino já está em prática, mas muitos prefeitos, empresários e professores ainda estão presos ao passado, agindo como se estivessem no século XX. No Brasil, esse modelo ultrapassado sobrevive por ser predominante, mas não tem mais sustentabilidade.
Cidades inteligentes já existem, embora ainda sejam poucas. Algumas se autodenominam assim, mas apenas utilizam tecnologias isoladas. Para serem realmente inteligentes, é necessário investir em mudança cultural, o que não depende apenas dos gestores, mas também dos cidadãos.
No setor empresarial, muitas atividades já são realizadas por robôs, call centers operam com assistentes de inteligência artificial, avatares substituem profissionais em canais de comunicação, veículos autônomos circulam, e produtos antes considerados imutáveis, como a carne, agora são produzidos em laboratório. E isso é apenas o começo.
A maior preocupação está na educação. Muitos ainda não compreendem que as novas gerações têm outros valores e expectativas. O papel do professor não é mais apenas transmitir conhecimento, mas criar ambientes de aprendizagem. No entanto, as salas de aula ainda seguem layouts antiquados, e títulos acadêmicos continuam sendo vistos como sinônimo de autoridade absoluta. Esse modelo forma especialistas sem visão ampla, resultando em profissionais pouco preparados para o mercado. Esse problema não se restringe ao Brasil, mas aqui é mais grave devido ao caráter patrimonialista do governo e à reserva de mercado na educação.
O desafio não é mais melhorar os modelos existentes, mas substituí-los por novos ou deixar de existir.
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso”, “Gestão Reversa” e “Marketing Político Ético”. Ele é consultor, ex-secretário de planejamento e meio ambiente em Uberlândia/MG e membro do Instituto SAGRES em Brasília.