A trajetória da JBS, que começou como Friboi, é um exemplo de sucesso no setor frigorífico. Tenho a credencial para falar sobre essa corporação, pois coordenei seu primeiro Planejamento Estratégico e o de dezenas de outras empresas no setor de frigoríficos, curtumes e artefatos. A missão do JBS, liderada na época por João Batista Junior, era ambiciosa: tornar-se a maior empresa do setor no mundo — e conseguiu. Embora haja críticas ao seu modelo, atuar globalmente exige uma abordagem agressiva, pragmática e realista. Sem isso, não se participa do jogo.
Empresas que não compreendem o caminho trilhado pelo JBS permanecerão restritas ao mercado doméstico, arcando com altos impostos, enfrentando juros elevados e alcançando apenas uma rentabilidade mediana, sem jamais se tornarem players globais.
Nos anos 90, o setor enfrentava um dilema: ou as empresas se organizavam e cresciam, ou sucumbiam. A mortalidade era alta, e a falência de uma unidade gerava prejuízos em toda a cadeia da pecuária e curtumes. Como em muitos setores com alta atratividade e rentabilidade, houve uma tendência à concentração, que culminou na reorganização do setor, liderada pela ABIEC. Com o fortalecimento do lobby e a conquista de novas cotas de exportação, o setor atingiu um novo patamar.
No campo político, a JBS foi convidada a integrar o grupo de “campeãs nacionais”, o que trouxe repercussões. Ainda que a história avalie essas consequências, a estratégia e o modelo de expansão da empresa são semelhantes aos das grandes multinacionais globais. Competir em mercados internacionais é desafiador e exige preparação e profissionalismo, sendo uma verdadeira “luta de gigantes”.
Este é o caminho que as empresas brasileiras devem trilhar para que o país deixe de ser visto apenas como “fazenda do mundo” e se torne também uma fábrica global, tal como fizeram Japão nos anos 80, agora, China.
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso” e “Marketing Político Ético”. Ele é consultor, ex-secretário de planejamento e meio ambiente em Uberlândia/MG e membro do Instituto SAGRES em Brasília.
