A partir deste mês, publicaremos, na primeira semana de cada mês, um artigo sobre campanhas políticas, pois a corrida eleitoral de 2026 já começou. Nosso objetivo é elevar o nível dos debates eleitorais, promovendo discussões mais qualificadas e construtivas. As campanhas impactam toda a sociedade, mas nem sempre são tratadas com a seriedade necessária. Para isso, é essencial que candidatos e eleitores tenham em mente três premissas fundamentais:
- O Estado patrimonialista e a percepção popular
Em um país onde o governo é visto como “pai do povo”, a classe política é responsabilizada tanto pelos sucessos quanto pelos fracassos. Atualmente, o cenário econômico não favorece essa relação: juros altos e inflação corroendo salários reforçam a insatisfação geral. - O distanciamento entre políticos e eleitores
O uso de emendas parlamentares tem sido uma ferramenta para fortalecer lideranças locais, mas, em muitos casos, substitui o contato direto com a população. Os eleitores não são mais visitados como antes, e a maioria dos políticos enfrenta resistência ao tentar se aproximar. Esse afastamento pode ser um erro estratégico com impactos diretos na reeleição. - A falta de posicionamento político
No Brasil, a indecisão parece ser regra: a maioria dos políticos evita tomar posições firmes para não desagradar grupos de interesse. Esse comportamento cria uma “muralha” que os separa da população e enfraquece a representatividade.
Diante desse cenário, a classe política precisa refletir. Quem já ocupa mandatos corre o risco de não se reeleger, e os novos candidatos podem até conquistar votos prometendo ser diferentes, mas terão vida curta se repetirem os mesmos erros. A política faz parte da sociedade e, em tempos de redes sociais, os eleitores acompanham e cobram posturas em tempo real. O futuro das campanhas dependerá da capacidade dos candidatos de se conectarem, ouvirem e representarem verdadeiramente a população.
Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político, autor dos livros Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa. Possui formação como Conselheiro pelo IBGC e atuou como Secretário de Planejamento e Meio Ambiente em Uberlândia/MG.